domingo, 19 de outubro de 2008

Por que Mt2239?

Como humanos, somos seres totalmente dependentes do inter-relacionamento. A maior tolice que alguém pode ousar imaginar é achar que não precisa de ninguém. E nem é necessário refletirmos profundamente pra chegarmos a essa conclusão.

A constatação dessa realidade nos leva, obviamente, a ponderar a respeito da complexidade dos relacionamentos humanos. Se somos seres totalmente dependentes uns dos outros, até que ponto devemos considerar a individualidade inserida no coletivo social? Até onde cada um de nós realmente é dono de si mesmo? Não seríamos talvez patrimônio da humanidade? Essa tensão entre indivíduo versus coletividade é causa de muitas discussões desde sempre. A propósito, minha visão particular de Direito enxerga nesse embate a raíz de toda a discussão sobre os direitos e deveres de cada um, em respeito aos interesses e desejos da maioria.

Alguns autores que escrevem sobre física quântica afirmam que, num nível profundamente microscópico, tudo no Universo está fisicamente interconectado. Todas as pessoas estariam ligadas umas às outras, assim como também estaríamos ligados às coisas. O mais intrigante em tudo isso é que há alguns testes realizados que sugerem fortemente essa hipótese.

Vamos apreciar por um instante essa possibilidade. Talvez consigamos entender alguns fatos. Quando São Paulo escreveu sua carta aos cristãos romanos (RM 5:12) ele afirmou que por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte. Assim, todos morrerão porque todos pecaram. Tudo isso fica um tanto óbvio se entendermos que estamos ligados uns aos outros e muita coisa pode ser explicada.

Quando amamos o outro, somos amados.
Quando perdoamos o outro, somos perdoados.
Quando estendemos a mão, somos auxiliados no dia em que a necessidade nos alcança.

E é por isso também, que quando odiamos, nós é quem mais sofremos.
Quando não perdoamos não conseguimos sentir o perdão de ninguém. Nem de Deus.
Quando não ajudamos, nos sentimos profundamente sós.
Quando guardamos mágoas e rancores, nosso corpo adoece.

Talvez por isso o riso seja um fenômeno social, coletivo.
As lágrimas também costumam ser.
Talvez por isso sejamos tão parecidos, tão previsíveis.

Quando penso na coletividade começo a entender que Deus não é o culpado da miséria, fome e sofrimento. Ele nos incubiu de sararmos uns aos outros. De cuidarmos uns dos outros, como quem cuida de si mesmo.

Tudo então passa a fazer sentido e a ordem de Jesus registrada por Mateus no capítulo 22, verso 39 (Mt 22:39) é remetida à nossa memória: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo".

Tudo se torna claro. Quando amo meu próximo, estou cuidando de mim mesmo, porque faço parte dessa cadeia, dessa coletividade. O que Jesus estava querendo dizer era "cuide do outro e serás cuidado".

Porque não começar agora mesmo?

Um comentário:

Margarete Saraiva disse...

Acho que na verdade, Jesus quis dizer, cuide-se, ame-se e, então, aprenderá a expressar o verdadeiro amor ao próximo.
Se não sabemos nos respeitar, nos amar acima dos outros e, geralmente, é isso que acontece, permitimos que estes nos façam sofrer.
Sacou a moral da história?
O que acha Sr. Intelectual?
De sua amiga, sempre.