quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ao nascer o mundo dos adultos, morre-se a esperança.

Bem vindo ao mundo dos adultos!
Parece sombrio sugerir a morte da esperança, mas é isso que tenho visto desde que deixei de ser menino. Adultos não têm esperança, embora esperem por algo que não sabem o que é, tateando às cegas em busca de sentido e explicações para o que não se pode mensurar: a vida, as pessoas e suas atitudes, a complexidade dos relacionamentos humanos e dos acontecimentos fortuitos que nos cercam.

Observo o comportamento de muitos jovens e me assusto com a ausência de expectativas. O imediatismo está de tal forma se enraizando em nossos atos, que soa estranho e cafona pensar sobre o sentido da vida. Só se pensa em viver o agora. Amanhã é outro dia e veremos do que será feito. Assim, dia após dia, vai se vivendo (ou simplesmente existindo) e sendo levado pelo vento.

No mundo dos adultos há traições. Trai-se o outro e, pior ainda, trai-se a si mesmo. O que se pensa e se sabe sobre a vida é volátil e perfeitamente moldável ao interesse do momento. Toda verdade é relativizada para que possamos justificar nossas frágeis convicções e agirmos de acordo com nossas débeis emoções, que são carregadas de hedonismo e influenciadas por uma sociedade sem valores éticos, sem o sagrado respeito ao próximo.

A conclusão é que perdemos o que se costuma chamar de "localização da referência suprema". "Quem" ou "o quê", é o objeto de nossa fé? Quando não se há um referencial, um sentido, um valor a ser respeitado, vive-se de acordo com emoções e paixões efêmeras. O perigo de se viver assim é que não criamos raízes e estruturas emocionais. Assim, chegamos ao mundo dos adultos totalmente despreparados e sem senso de responsabilidade, coerência e persistência. Persistir em quê, se tampouco sabemos no quê acreditamos?

Assim, os resultados de vidas vazias e desesperançosas estão diante de nós. O amor está se esfriando. A frieza e a superficialidade são perceptíveis em relacionamentos descartáveis. Trocam-se vidas por rápidas emoções. Com uma só tacada, todo nosso castelo desmorona e só aí percebemos que ele era feito de cartas, como diria C. S. Lewis.

O romancista russo Dostoievski sintetizou de forma brilhante e poética uma realidade que procuramos evitar; seja por descrença ou vergonha. Para ele, "todo homem carrega dentro de si um vazio do tamanho de Deus".

O pior é que a gente não se desperta pra essa verdade e continuamos nos machucando pela vida. Haverá um dia em que iremos finalmente aprender?

Um comentário:

Rafa Medina disse...

Pow num tem figuras nesse seu blog não?