terça-feira, 12 de outubro de 2010

Saudade sem causa...

Há também o que não foi dito
O que não foi sentido
Que não foi ouvido
Que não tem havido

Há o que deveria ser dito
Que talvez tivesse se sentido
Se tivesse sido ouvido
Talvez hoje houvesse

Sempre há lacunas a preencher
“Quases” a concluir
Palavras a se dizer
Corações a se ouvir

O que não foi vivido
Também é vida
Como angústia de possibilidade
E dúvida eternizada

Sempre há a prisão do “se”
E o ser que tenta se livrar
O ciclo então se renova
Voltando-se a si mesmo

Sempre há um passado adormecido
Que por vezes se mostra
Volta à tona
Revela-se ainda vivo

Em seu retorno sutil
Traz consigo canções
Que foram cantadas
E nunca ouvidas

O que não foi vivido
Revela-se como saudade
De algo que antes nunca houve
Imortalizando o passado não passado

Ouve-se a música ao longe
Trazida pelo vento que corre os campos
Traduzindo a saudade sem causa
Que bate à porta

O dia cai
A noite visita
A nostalgia se vai
Mas só por um tempo